quinta-feira, 24 de maio de 2012

Como ou quanto?

Final do dia, busco a Catarina no colégio. Já no carro, voltando para casa, faço a tradicional pergunta:

- E aí, como foi a tarde, querida?

Em meio ao barulho do trânsito, ela devolve então outra pergunta:

- Como ou quanto?

Já rindo, respondo:

- Como. Perguntei "Como foi a tua tarde?". Mas já que tu tocou no assunto: quanto estava hoje?

Sim, quem convive com o diabetes, sabe que procuramos saber "quanto estava a glicemia". Por isso, quando perguntei para a minha filha "como foi a tarde", ela já entendeu o que eu queria saber: "quanto estava a glicemia na hora do recreio".

Pois é, de tanto buscar o controle do diabetes, de tanto perguntar para ela se está tudo bem, a Catarina aprendeu que estamos sempre investigando a glicemia dela.

E não tem outro jeito. É a nossa função como pais, como adultos responsáveis por ela.

É claro que devemos procurar fazer isso da forma mais leve, natural e sensível possível. Mas não adianta, ela já sabe no que estamos de olho.

Quanto disso será que a incomoda? Quanta chateação já provocamos? Tem outro modo de agir?

De certeza, só sabemos da nossa função, real e concreta: cuidar dos nossos filhos.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ficou doente, e agora?

Maio tem sido um mês bem agitado aqui em casa.
Já tivemos a tal da virose. E agora uma otite.
Manda ver no antibiótico.
As glicemias, muito danadas que são, também acompanham essa agitação.
Sobem, descem,voltam a subir....uma verdadeira loucura.
Dando uma olhada no site da SBD, achei esse texto (que reproduzo na íntegra) sobre:

O que fazer quando o diabético está doente?

Uma das várias preocupações de pais e mães de filhos com diabetes mellitus é saber como lidar nos dias em que seus filhos apresentam doenças ou infecções.
Antes de mais nada, é importante frisar que crianças e adolescentes diabéticos com bom controle metabólico, geralmente, não apresentam maior incidência de doenças intercorrentes em comparação aos não-diabéticos. No que concerne aos adultos com diabetes, algumas evidências mostram que os mesmos podem apresentar maior risco de infecções urinárias, além de doenças infecciosas da pele e das mucosas, porém, sem aumento de incidência de infecções de vias aéreas superiores.
De qualquer forma, todos os diabéticos estão sujeitos a apresentar várias doenças durante a vida, motivo pelo qual é imprescindível aprenderem alguns cuidados básicos para manter o controle metabólico adequado.
Várias doenças, especialmente aquelas associadas à febre, provocam o aumento da glicose no sangue, devido à elevação dos hormônios do "estresse". Nesses casos, há maior necessidade de insulina durante os dias de doença e, muitas vezes, também no período de incubação da mesma (alguns dias antes do seu desenvolvimento). E essa maior necessidade de insulina pode se estender por alguns dias após a resolução da doença.
Já outras enfermidades, como as gastroenterites agudas, que provocam vômitos e diarréia, podem provocar a queda da glicemia e consequente maior risco de hipoglicemia. Contribuem para esse quadro a diminuição do apetite e da ingestão alimentar, associado a uma pior absorção de nutrientes.

Como princípios gerais do cuidado nos dias de doença, pode-se citar:
Nunca parar as aplicações de insulina
A interrupção do fornecimento de insulina predispõe o diabético à hiperglicemia e à produção de corpos cetônicos, aumentando o risco de cetoacidose diabética. Se o diabético apresenta um quadro de hiperglicemia persistente, associado a vômitos, com ou sem infecção, deve-se suspeitar de omissão ou administração inadequada de insulina.
As doses de insulina devem ser ajustadas conforme a situação
Deve-se aumentar a frequência da monitorização capilar da glicemia (no mínimo a cada 3-4 horas, mesmo à noite) e, eventualmente, das cetonas. Dessa forma, com correções mais frequentes da glicemia, evita-se a descompensação metabólica nos dias em que se está doente. Geralmente, as doses de insulina lenta devem ser diminuídas em 10-20% e as aplicações de insulina rápida podem ser mais frequentes. As orientações prévias do Endocrinologista devem ser seguidas e, conforme a necessidade, o contato telefônico deve ser estabelecido.
Alimentação
Com a perda do apetite, as refeições usuais podem ser substituídas por alimentos de fácil digestão e líquidos com carboidratos (podendo conter inclusive açúcar). Com o objetivo de se evitar episódios hipoglicêmicos, pode-se consumir gelatinas, frutas desidratadas, sucos naturais contendo açúcar, água de côco, bebidas isotônicas para esportistas (Gatorade®, Marathon®, Frutorade®, Powerade®, i9 Hidrotônico®, etc) e o soro de hidratação oral nas concentrações 45 ou 90 (Pedialyte®, Floralyte®, Rehidrat®, etc).
Hidratação
Nos dias em que se está doente, várias situações podem contribuir para a desidratação: hiperglicemia persistente, febre, eliminação de glicose e cetonas na urina, etc.
A hidratação é essencial nessas situações e pode ser realizada com a ingestão de água e também complementada com os líquidos citados acima, que ainda ajudam na prevenção da cetose pelo jejum.
Cetonas
As cetonas são substâncias produzidas pelo fígado quando há necessidade de se queimar gorduras para a produção de energia (por ex., quando há falta de insulina no organismo e a glicose não pode entrar na célula para fornecer energia). O seu acúmulo, geralmente, provoca mal-estar, náusea, vômitos, desidratação e cetoacidose. A presença de cetonas no sangue e urina pode ser notada nos casos de deficiência de insulina e também quando há jejum prolongado, especialmente, nos dias em que, por causa de alguma doença, a ingestão alimentar está diminuída. Nesses casos, geralmente, as glicemias tendem a valores mais baixos, enquanto que na deficiência de insulina, ocorre normalmente hiperglicemia persistente.
A dosagem capilar de beta-hidroxibutirato pode ser realizada semelhantemente à medida da glicemia capilar (único glicosímetro no mercado brasileiro: Optium Xceed®). É importante a sua realização especialmente nas situações de hiperglicemia persistente, náuseas, vômitos ou na suspeita de mau funcionamento da bomba de insulina, de forma a se prevenir a instalação de um quadro de cetoacidose. A concentração de beta-hidroxibutirato > 0,5 mmol/L é anormal em crianças com diabetes e já denota a necessidade de alguma intervenção, como hidratação e insulina extra.
Se a dosagem de beta-hidroxibutirato não está disponível, pode-se verificar a presença de corpos cetônicos na urina (cetonúria), através da medida do acetoacetato.
Infecções associadas a hipoglicemia
Geralmente, essas infecções causam náusea, vômitos e diarréia. Assim como no caso de crianças sem diabetes, recomenda-se diminuir as porções de alimentos (que devem ser de fácil digestão) e aumentar a ingestão de pequenas (mas frequentes) porções de líquidos contendo carboidratos (soro de hidratação, sucos de frutas, isotônicos, etc). Deve-se dar atenção para a diurese da criança. Orienta-se sempre o contato direto com o Endocrinologista assistente, pois, via de regra, ajustes na dose de insulina são necessários.
Se houver um episódio hipoglicêmico (glicemia capilar < 70 mg/dL) e os sintomas persistirem (náusea, mal-estar, vômitos), uma injeção de glucagon intramuscular (cuja dose deve ser definida previamente pelo médico) pode reverter a hipoglicemia e permitir que a ingestão alimentar e hídrica seja restabelecida. Caso não haja glucagon disponível e/ou se a hipoglicemia persistir, a família deve procurar atendimento médico de urgência.
Em resumo
- A doença intercorrente merece atenção e tratamento adequados, em crianças com diabetes ou não;
- Deve-se ajustar as doses de insulina conforme orientação médica;
- Se a criança diabética está vomitando, até que se prove o contrário, deve-se suspeitar de deficiência de insulina. Se há suspeita de uma gastroenterite aguda, antieméticos podem ser utilizados. No entanto, se as cetonas estão positivas e há hiperglicemia, a prioridade é a administração extra de insulina e hidratação.
- As formulações orais de antitérmicos podem ser utilizadas; outras opções são as apresentações via retal. Antibióticos na forma de xarope e solução oral não são contraindicados. É preferível formulações sem açúcar na composição (ou cápsulas), porém, nem sempre isso é possível.
- É sempre desejável que a família entre em contato com a equipe de saúde, especialmente se:
• As medidas realizadas não funcionam;
• A família sente-se insegura no manejo do diabetes;
• Os vômitos persistem por mais de 2 horas;
• O diabético não consegue manter sua glicemia >70 mg/L;
• Mesmo com doses extras de insulina, a glicemia mantém-se elevada (>200 mg/dL);
• As cetonemia capilar mantém-se persistentemente > 1,0 mmol/L;
• A criança é pequena, menor que 2 a 3 anos de idade;
• Suspeita-se de falha na bomba de insulina."

http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/diabetes-tipo-1/1820-o-que-fazer-quando-o-diabetico-esta-doente


Com dúvida, ou não, SEMPRE CONSULTE SEU MÉDICO!!!!!
Abraço,
famíliaT1






segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mais uma lição de vida

Foi um lindo dia de outono. Daqueles que fazem a gente adorar a cidade onde mora.
Sol com céu azul e sem nuvens, temperatura em torno de 23°C e, para completar, a 14ª Corrida para Vencer o Diabetes.


Para deixar tudo ainda mais inesquecível, conhecemos a história do piloto Miguel Paludo: diabético tipo 1 e pai do Oliver - também DM1.


 São exemplos de vida como este que devem nos inspirar!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

14ª CORRIDA PARA VENCER O DIABETES






No próximo domingo, dia 20 de maio, temos a 14ª Corrida para Vencer o Diabetes.

Com saída do Parcão, às 10h!!!!

Compre sua camiseta e PARTICIPE!!!!!

Aqui segue o link do ICD:
http://www.icdrs.org.br/14-corrida-para-vencer-o-diabetes/index.php

domingo, 13 de maio de 2012

Inspiração de Mãe


Ontem, ao ler o jornal, esbarrei com esse depoimento de mãe:

- Me mudei de Birigui para São Paulo para acompanhar meu filho dia a dia. Aonde ele vai, eu vou. Fomos a Fernando de Noronha, Ilha Bela e Paris. Agora, vamos a Israel, agradecer pela saúde dele. A melhor coisa que Deus pode dar pra gente é a saúde. E como é maravilhoso ver Giane entusiasmado na volta ao trabalho. Se meu filho está bem e feliz, eu também estou. Nas horas mais difíceis, quando eu ameaçava chorar, Giane vinha com aquele sorrisão: "Mãe, vai ser rápido, eu vou ficar bem, tenho que passar por isso. Está na hora de testarmos a nossa fé". Ele nunca chorou na minha frente. Vê-lo assim me deixa com o coração leve. Mas desespero eu nunca senti. Os momentos de amor extremo superaram os de angústia.”

Me tocou, profundamente. Claro, sou mãe.
Também porque meu chão é escutar a dor, e a capacidade do ser humano de lidar com ela.
Mas, principalmente, fiquei tocada porque ano passado a vivência do Reinaldo Gianecchini,enfrentando um cancêr linfático, ajudou a Catarina a elaborar
mais um momento da sua vida com o diabetes.
O exemplo dele a ajudou a enfrentar seu diabetes na escola. Deu força para que ela se abrisse com todos os colegas. Antes só os mais próximos sabiam.

Eu, agora, me inspiro nas palavras da mãe dele para (re)pensar minha condição de mãe.
Que a serenidade dela me inspire sempre.

Abraço,
Simone.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Virose e Glicose

Quando me vi diante destas duas palavras – virose e glicose – acabei lembrando de versos do Drummond:

Não rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convêm.
(Consideração do Poema, de Carlos Drummond de Andrade)

O que seria da vida se, assim como na poesia, pudéssemos rimar as palavras conforme a nossa conveniência?
No nosso caso, eu não queria rimar virose com glicose, mas a realidade tratou de reuni-las.

Mesmo depois de mais de 2 anos de convívio com o diabetes, somente na semana passada sentimos como uma virose pode complicar o seu controle. Vimos como uma virose pode provocar a baixa da glicose no corpo.

Depois do Miguel e da Simone, foi a vez da Catarina pegar uma daquelas viroses, seguida de vômitos. Até aí, nada de mais. Tudo ficou mais complicado porque estávamos em viagem, fora do nosso estado. E o quadro de indisposição agravou-se quando ela já tinha feito a sua dose diária de lantus (insulina basal). Assim, vomitando e não conseguindo ingerir nada, as hipoglicemias foram se agravando:
15h23 – 52 mg/dL
15h43 – 69 mg/dL
16h49 - 62 mg/dL
18h14 – 70 mg/dL
21h59 – 77 mg/dL
00h33 – 45 mg/dL
01h10 – 55 mg/dL
01h38 – 71 mg/dL

(lembrando que em jejum, uma pessoa sem diabetes
deve ter de glicemia em torno de 90 mg/dL)

Resultado: às 2 horas da manhã procuramos um hospital para fazer glicose na veia. Como ela não conseguia digerir nada, em função do vômito e do mal-estar, não havia outra saída, pois a lantus aplicada não permitia ao corpo produzir a glicose necessária.
Foi um susto. Pensamos que ela iria desmaiar. Olhando agora para trás, vejo que deveríamos ter procurado um atendimento médico antes. Mas a gente sempre tem esperança de que tudo vai melhorar... de que tudo passa...
De fato, acabou passando – mas só depois de irmos ao hospital. No outro dia, já não fizemos a dose de lantus e assim, mesmo alimentando-se pouco, as hipoglicemias já não ocorreram – sem a insulina basal o fígado conseguiu liberar a glicose para o corpo se manter.

Virose e Glicose, "seria uma rima, não uma solução".
Acabei lembrando de outros versos de Drummond:

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
(Poema de Sete Faces)

terça-feira, 1 de maio de 2012

Nosso guri tipo único

A escolinha do Miguel pediu que redigíssemos um texto sobre ele. A Simone escreveu então as linhas abaixo, que hoje queremos compartilhar, mostrando mais um lado da Família Tipo 1:

Minha história de vida



Meu nome é Miguel, tenho 1 ano e sete meses e adoro fazer folia. Meus pais são o Ricardo e a Simone. Tenho uma irmã chamada Catarina, que me ensina muitas coisas novas, todos os dias. Mamãe fica maluca quando subimos no sofá ou na cama. É muito divertido, e eu adoro aventuras com minha irmã.

Bem, tudo começou numas férias de verão entre 2009 e 2010. Num passeio de barco minha mãe descobriu, muito enjoada, que estava grávida de mim. Tinha que ser no mar, né? Piratas, tubarões, submarinos...coisas de menino. Dali por diante mamãe sempre conta que eu era um bebê muito ativo. Muitas vezes ela tinha que parar e sentar, pois eu estava no maior agito na sua barriga.

Nasci com 39 semanas, no dia 21 de agosto de 2010. Foi uma festa! Todos os avós, tios e dindos no hospital. Nasci com 4Kg. Logo as roupas que mamãe escolheu pra mim já não serviam. Sempre fui comilão. Adoro tomar meu leitinho na mamadeira. E meu lanche favorito é pipoca! Não vivo sem meu bico, é uma grande companhia pra mim. Meu passeio favorito é ir ao Parcão. Gosto da pracinha, mas me divirto mesmo é correndo nos gramados. Final de semana tem o tradicional passeio de bicicleta com meu pai. Mamãe fica um pouco nervosa, mas vida de menino é assim: cheia de aventuras e desafios.

Tenho muitos amigos na minha escolinha. A gente agita bastante! As profes sabem como. Fiz muitas descobertas por lá. Uma delas foi na aula de culinária. Me apresentaram ao saboroso mundo das barrinhas de cereal. Humm!! Adoro! A gente canta e dança um monte por lá também. Meus artistas favoritos são Patati e Patatá e a Galinha Pintadinha. Desde bem pequeno gosto muito de música. Lá em casa eu faço muito barulho com meus tambores e flautas.

Gosto muito de olhar filmes com meus pais e minha irmã. O Mágico de Oz e UP Altas Aventuras, acho que vimos umas 25 vezes cada um. Repetir sempre é bom pra quem está aprendendo, como eu.

Agora já estou começando a falar algumas palavras. Isso ajuda muito. Às vezes quero dizer alguma coisa e o pessoal não entende. Daí começo a chorar. Vida de bebê é complicada... Mas logo estarei falando tudo. Papai diz que quando eu começar a falar não vou parar mais, que vou ser um papeador.

Puxa! Quanta coisa! Vou ficando por aqui pessoal. Para um bebê já tá bom demais.

Abraço,
Miguel Vollbrecht"