segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Doação de sangue

Na sexta-feira, depois de meses dizendo o que eu queria fazer, consegui enfim doar sangue, e também me inscrever como doador de medula óssea. Fiquei bastante contente, com aquele sentimento de dever cumprido, pois sei que podemos ajudar muitas pessoas com este simples ato.

O que eu não esperava era que isso acabasse dando uma pontinha de tristeza em nossa filha.
Não sei como, mas ela sabia que diabético tipo 1 não pode doar sangue.

Talvez por ver a minha alegria em poder fazer a doação - depois de eu falar durante meses que queria doar - ela acabou percendo que não poderia no futuro fazer este gesto.

- Diabético não pode doar sangue - disse a Catarina com um arzinho de frustração.

Como resposta, sempre iluminada, a Simone disse:
- Mas existem muitas outras formas de ajudar as pessoas. Eu mesmo - complementou - já trabalhei de voluntária em um asilo de idosos.

Estas palavras certas da mãe a tranquilizaram, mas ficaram em mim algumas dúvidas:
- Que outras dificuldades ela enfrentará?
- Que outras angustias ela tem, que a gente não sabe?

Sei que nunca terei a resposta exata para estas e tantas outras dúvidas de pai e mãe. Mas sei que, pelo menos, devemos estar disponíveis para ouvir nossos filhos quando for preciso, deixando espaço para eles se manifestarem. Assim, poderemos ter uma chance maior de ajudá-los, estando próximos e atentos.

Boa semana a todos nestes dias que antecedem o Natal!

Enfeite de nossa árvore de Natal - Santuário de Schoenstatt

Abraço, Ricardo

2 comentários:

  1. É isso é mesmo muito chato, eu mesma já doei sangue várias vezes, como meu tipo sanguíneo é o O Neg, e precisa-se muito desse tipo, me sentia ainda mais responsável pelo ato, era como se fosse uma obrigação minha doar com frequência, e hj depois do diagnóstico, saber que não posso mais, é ruim, me sinto mal por isso, e até hj ainda recebo e-mails pedindo pra ir... Mas é como a Simone disse ainda temos muito de bem a se fazer pelo nosso próximo...

    Aproveitando pra parabenizar pela família linda, dando exemplo a todos nós... A reportagem com a Catarina ficou bem legal... Parabéns

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  2. Hoje tenho quase 19 anos, mas quando fiz 14 anos decidi "Assim que fizer 18 anos, doarei sangue! E quero muito virar doadora de órgãos. Fazer alguém viver e aproveitar tudo de bom que existe mesmo que eu já não esteja aqui para fazer isso." Eis que 5 meses antes de completar 18 anos descobri que sou diabética. Meu maior problema não foi pensar que teria de me furar diariamente diversas vezes, que ficaria indo fazer exames todo mês para ficar controlando, passaria a ter de cuidar bem mais do meu físico, espiritual e emocional. Ficar sem comer doces e massas? Apesar de amar, também é o de menos. O pior de tudo (até hoje!) é parar para pensar e ficar com aquela sensação de "inutilidade" por saber que não vou conseguir ajudar aos outros da forma que fiquei por um bom tento pensando que faria. E isso não foi algo que descobri através de alguém, perguntando a alguém que também é diabético ou ao meu médico. Descobri que não poderia virar doadora de sangue por uma simples linha de raciocínio: "Sou diabética. Meu sangue carrega uma taxa alta de açúcar e meu pâncreas não está funcionando como deveria para poder fazer tudo normalizar, ou seja, meu sangue está 'infectado'. Como alguém com sangue 'infectado' vai poder doar sangue? Não pode :( "

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